domingo, 5 de junho de 2011

Retalhos

Substituí minha religiosidade pela tal espiritualidade desde que me conheci como ser pensante. Talvez isso tenha influenciado, dentre uma porção de outros pontos, a minha relação com os animais de estimação. É que quando criança, tratava-os como gente; hoje entendo que tratá-los bem, tem um outro significado. Ah, mas a minha família continua sendo meu quê de viver; e a minha casa, minha concha. Por falar nisso, a casa de minhas avós sempre foi minha segunda e derradeira concha. Ei, todavia confesso que posso contar com alguns cafofos leais por aí.

Ao invés de dar ordens, prefiro combinar. Assim a vida fica menos difícil. E dificílimo mesmo é fazer média com alguém. Nunca aprendi - quiçá pela fatídica relação que sempre levei com a matemática. Eita, quanta saudade do meu tempo de colégio, daquela infância como um todo. Agora sim, cabe-me delatar a minha apatia por chocolates - porém uns suíços me enganam fácil. E próxima aos alpes está a Germânia e eu que acho tão chique quem fala guturalmente - desejo ser um, algum dia. Mas como ser chique nesse mundo se minha moda quem dita sou eu? E também fique bem claro que o clichê me cansa e me dá preguiça. Não foi a esmo que já me bastou conhecer por fotos e contos a tão falada Cidade Luz.

Quando entre amigos, uso e abuso sinergicamente dos cinco sentidos; porém, se entre pessoas, contenho-me em ver e escutar. Tenho dois segredos para contar: o primeiro é que não gosto de dormir muito porque isso me causa uma sensação de perda e desorientação. O segundo é que uma noite, para ser especial, deve começar regada a um bom vinho - e de preferência branco. Eu adoro sextas-feiras. Quer saber como seria uma sexta-feira bem coisada? Enviar um cartão postal a um querido, dar uma passada num brechó, gastar horinhas de descuido numa cafeteria conversando e ouvindo música retrô, receber um e-mail pessoal de um amigo, dormir sem divagar. Psiu! "E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar".

Escrever é como arrancar um pedaço da gente e deixá-lo ao vento. E por vezes isso dói.


F.


Contextualizado a partir de fragmentos aleatórios.

2 comentários:

  1. Que delícia de texto!
    Pra ser mais intimista, só se fosse escrito a punho ou lido ao vivo por vc. E o fato de ser tão único e pessoal não impede a identificação.
    "Quando entre amigos, uso e abuso sinergicamente dos cinco sentidos; porém, se entre pessoas, contenho-me em ver e escutar." -- Adorei!
    Obrigado por entregar um pouquinho de si nessas linhas.
    Abraço,
    Douglas M.

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  2. como um retalho, o texto remete a um fluxo oscilatorio de ideias sincronicas, conseguiu ser feliz ate nos fios dos retalhos, parabens man!

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