domingo, 13 de fevereiro de 2011

H-I-A-T-O

Halle, Alemanha (arquivo pessoal).

Involuntariamente, deixei uma lacuna imensa neste diário e, por conseguinte, caber-me-ia escrever detalhadamente sobre essa minha terceira e recente temporada no Velho Mundo. No entanto, ao menos por hora, relatarei apenas um apanhado de sensações e fatos. Deixo a certeza de que foram tempos corridos e muito bem vividos.


Fui e...


Senti saudade dos queridos de cá, porém revi velhos amigos e conheci nova gente por lá. Careci da nossa culinária, mas provei diferentes e deliciosas iguarias. Imergi noutras culturas e, tornei-me mais tolerante às diferenças do mundo? Oxalá! Tive contato com dois idiomas (o catalão e o alemão suíço) que são exclusivamente falados nas terras onde vivi – que sorte!


Na capital da Catalunha, comprovei que os catalães não são separatistas nem esnobes, e ainda pude compreender porque levam essa má fama. Também estudei catalão. No primeiro mês, morei na casa de uma típica Lola Espanhola com um cachorro, três gatos e muito surto - não me adaptei e mudei para onde havia pessoas “normais” e uma tartaruga nervosa. Troquei o vício dos refrigerantes pelo do café. Tentei aprender a patinar. Tomei gosto pela arte da culinária...


Perto dos Alpes, convivi com a eficiência e a precisão de um povo tímido - e inexpressivo? Observei que adulto não grita, criança não faz birra e cachorro não late a esmo – e isso também tem um lado bom. Vi o quanto é gostoso viver num país que mais se parece a uma Torre de Babel. Estudei alemão. Passei horas refletindo sobre a vida às margens do Reno. Aprendi a fazer um autêntico fondue. Achei interessante saber que a maioria dos homens aprende a urinar sentada no vaso...


Em vários momentos tive desilusões, ri, chorei. Também superei limites, passei noites em claro - numas estudando, noutras celebrando. Viajei, montei numa bicicleta após anos, dormi numa casa-barco. Descobri que a vida sem carro pode ser boa – aliás, perdi a paciência para dirigir. Frequentei Cafés para longas e boas conversas. Senti diversas vertentes de arte em Museus e vi o tempo passar em Parques... Perdi uma avó, ganhei um novo sobrinho!


Voltei e amei.


F.