domingo, 4 de setembro de 2011

Efusivo, sem exagero, sim. Evasivo, não.

Ultimamente, tenho observado o modo como transcorrem as relações inter-humanas e... Parece não mais haver diferença entre ser um colega e ser um amigo. E que vivemos numa época onde declarações de amor entre meros conhecidos tornaram-se tão comuns quanto uma corriqueira saudação.

Hoje, tudo soa plasticamente agradável ao nosso redor e até os diálogos (sejam no escritório, no ônibus ou mesmo nas redes sociais), confundem-se facilmente com os melhores do folhetim das oito. Ora! Não vai demorar muito para o verbo amar estar aquém de verbalizar o sentimento amor.

Mas por que reparo nesses detalhes sutis? Talvez por achar que o ato de amar traga consigo uma responsabilidade sem precedentes e por isso seja preferível abusar da cautela antes de assumir esse compromisso à sorte. Uma vez que se ama, não se deve (pode?) voltar atrás. Não há amor maior e menor, completo e incompleto; existe apenas, amor.

Também acredito que o único laço de afeto amoroso que já nasce pronto é o de pais e filhos. Já outros, como o de irmãos e o de avós e netos, podem ser estabelecidos em pouco tempo. Por fim, há aqueles que necessitam de um período maior para serem cultivados, é o caso dos de amizade que reconhecemos ao largo da vida. Então, cuidado lá ao proclamar “eu te amo” por aí.

Concordo que o mundo precisa de mais amor (às causas, ao meio ambiente, ao semelhante), e isso reflete que não venho aqui fazer apologia ao desamor, mas apenas criticar essa banalização dos sentimentos que incita o ridículo e até incomoda. Afinal, podemos (devemos?) ser amáveis com todos, sem, necessariamente, amá-los. Ou melhor, sem fingir que os amamos.


“O amor! Quando virei por fim a amá-lo?” _Augusto dos Anjos, no soneto “Idealismo”.



F.